quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

quem? quantos? porquê?

Cassiano chegou agora    Mariah precipitou-se    Abelardo desistiu    Pedro e Jonas descobriram    Luciana se escondeu    Roberta pouco se importa    Agenor tem a receita que o Rubem modificou    Marco Antônio disse sim   Júlia nem se demorou    Zé Diogo abriu os braços    Karina se recusou    Marina pediu socorro    a Laila foi pro spa    Isabel ficou doente   Marluce compôs um choro   Louise se acidentou   Marcelo perdeu o trem   Anuska desesperou.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
Ceronha Pontes...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

correndo pro mar


Foi bonito, hein? 
Nos campos que plantamos, dourada verdade tudo quanto florescia. O que não se cumpriu, nem poderia. Por falta de nos pertencer.
Te ocupes de lembrar, quando triste. Assim o faço. E rio, rio, rio...

Ceronha Pontes
Recife-Pe, 27 de dezembro de 2010

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

procurando

Aquele, Aquela, Aquilo...   
Cada um, ao seu modo ou desengano, SÓ.   
E no entanto...   
ceronha


"anda, deja que te acompañe que no és momento de andar sola"




segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Fulana Feliz

Qualquer coincidência terá sido mera semelhança.

O marido morreu. Criou doze filhos arriscando inverno que lhe rendesse algumas poucas sacas de feijão e milho extraídos do pequeno roçado familiar. Em tempos de seca, nem me pergunte.
Das sete meninas até as calcinhas eram doações. Usadas e descartadas por outras abastadas. Enquanto os meninos dividiam dois pares de alpercatas, fingindo doença no pé que ficasse descalço. Só mesmo Zequinha tinha os dois completamente nus correndo no terreiro.
Nasceu doido. Doido bem mansinho. Sabe doido carinhoso? O Zequinha. Ele e a mãe eram dotados de uma alegria absurda ao meu entendimento. A mulher feliz e seu menino doido me enfeitiçavam de um jeito que por pouco acreditava em Deus. Não acredito. Não quero acreditar. Eles é que precisam. E o encontram.
As meninas, bem, era botar peito pra embuchar. Feito bicho mesmo, sem culpa nem frescura. Assim os meninos, tanto lhes desse o "frivião na rola" quanto emprenhavam semelhantes desgraçadas. Desgraçadas digo eu, caro leitor, cheia de olhos.
Multiplicando-se na indiferença, eram salvos... Me castra a obrigação do politicamente correto. Ora, fôda-se! SALVOS PELA IGNORÂNCIA. Está dito.
Fiquei mortinha de vergonha quando o ego, inflado pelo espírito natalino, me arrastou certa vez para lá carregando um panelão de sopa e uns panetones. É querer comprar muito barato um alívio qualquer pra uma culpa que eles nem me creditavam, pois desconheciam. Sua felicidade era meu vexame. Eis que a Boazinha (eu), com uma sede de Mamãe Noel (mandaram Zequinha dizer), recusou-lhes a água barrenta da cacimba. Não voltaria ali.
Quantos serão hoje em dia? E porque eu comecei a falar dessa gente? Ah, foi a mãe deles que me feriu a memória. Dona Fulaninha. Nunca uma palavra feia, nunca expressão nenhuma de rancor. Sempre riso, sempre amor, sempre certa do que a vida vale. Pensando nela, ao menos por hoje me desocupo de minhas frustraçõesinhas. Tudo tão inha, né? O forinha, a saudadesinha, a dorzinha, eteceterazinha. Vê, fica é bonito pensar na amígdala ( Dona Fulaninha, a senhora sabe o que é amíGdala?) como uma flor cujos espinhos me invadem e rasgam o ouvido. Porra, muito bonita a minha doencinha!
Ô Dona Fulaninha, foi de quê mesmo que morreu Seu Fulaninho?

Ceronha Pontes
Recife, 29 de novembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

DESAPARECIDA


Emerge a cabeça parecendo mal-assombro. Olhos esbugalhados e fixos. Indaga:

Velho - A menina já voltou?


Há quanto tempo ela responde sem acreditar?

Velha - Mais tarde.

Mais triste, o velho afunda a cabeça na rede encardida. Talvez fosse choro aquilo que se ouvia.


Ceronha Pontes
Recife-PE, 28 de novembro de 2010

sábado, 27 de novembro de 2010

SILENCE

Sob que disfarce me visitas? Ah, ilusão de que o faças!
Enquanto murcham os girassóis.
Ceronha Pontes
27 de novembro de 2010


extra silêncio:

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ALICE


Lá do alto, pesando um mundo todo, Alice deitou no vento.
Agora dorme.
Ceronha Pontes
Recife, 25 de novembro de 2010



lua congelada:



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CONFISSÕES DE ÂNGELA


Eu bem gostaria de ainda achar encantamento em dor de amor. Desembestar mais doida que a cidade, ameaçar um poste, um viaduto, um inocente. Justificar venenos e canções. Over ilícita, morri de não sei quantas doses, ressuscitando invariavelmente em braços estranhos. Tanto queria este, que morria com aquele. Ou aquela. Nunca fui de frescura.
Rastejava fina, toda embriagada na poesia. Este mau serviço prestei ao mulherio. O sujeito a quem eu desejasse ficava com o ego de tal modo inflado que ainda hoje tem a mania feia de fazer sofrer a quem lhe ama, só pra ver se do mato sai alguma coisa que lhe valorize o currículo.
Sei de um que guarda trancado em cofre um antigo bilhetinho meu, escrito à álcool e desespero. Imaginem! Decerto para que o encontrem quando, depois de morto, vasculharem seus pertences. Deixar como última impressão a de que foi amado. O que envaidece mais a pessoa do que não corresponder ao amor de Ângela? Fosse ou não fosse verdade, está lá bem escrito e o diabo é quem vai duvidar. Amado. Por mim, se dêem a importância que precisam. O que me custa? Sinto é falta. Era divertido. Ah, se ainda soubesse como é que desatina! Triste do fim sem zoada.
Perdi a vocação pro abalo quando o Fulanim, sem um pingo de sal, se abancou na minha vida feito o terceiro da Terezinha de Chico. Como é que pode o verdadeiro amor vir embalado com tão pouco glamour? Não rende uma travessia pro lado de lá da razão.
Bom era a fissura, pulso dilacerado, voar de um precipício, pilulinhas me fazendo carreira na goela. Acode! Valia até tuberculose.
Agora assim, o sofrimento pianinho, a fé no futuro, agradecida pelo tempo que durou? Ah, isso já é demais! Mané Fulano me paga pelo estrago.

CERONHA PONTES
Recife-PE, 12 de novembro de 2010


Salve Gainsbourg!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Além de aqui


PRIMEIRO ATO

Marizé- Jacinto, é sobre este aroma sutil de qualquer coisa que eu conheço mas, esqueci. E não é a primeira vez que chega açucarado o teu sorriso num rosto ameninado luminoso. É um menino que me toca, quando voltas. Menino, Jacinto, das mãos suaves, nervosas. E de ti menino eu não esqueço. Eras o mais estranhamente gentil destas paragens. Único que adivinhava o além de aqui sem nunca ter estado lá. E que tornava a vida mais bonita do que de fato alguma vez tenha sido. Agora que de verdade conheces outros mundos, me diz, este perfume, este sorriso, de onde vêm?

(Longo silêncio. Marizé segura-lhe as mãos, encorajando-o.)

Jacinto- Aos teus pés por toda a minha vida, mesmo que a tua natureza, que é de pouca fé e fastio de viver contrarie a minha, que tem fome de alegria. Indiferente, cresce o meu amor por um mistério tal que há em ti e me fascina, ainda que mate. Crê, definho se não me salvo, às vezes, de tua solidão, de não me ver em ti. Além de aqui... (Pausa). Não te amasse, voltar não seria preciso.

Marizé- A tua ausência é inverno impiedoso. Meus ossos doem como se congelados. É quase morte.

Jacinto- Tu foste entristecendo, desistindo um pouco a cada dia. Vivo a perscrutar o teu mistério, a tua dor, o teu desejo (se o tens).

Marizé- Se me alcançares, por Deus, me livra desta agonia de não saber o que me faz assim.

(Longo silêncio.)

Marizé- Sobre o que trazes do além de aqui...

(Jacinto se levanta bruscamente e vai até a janela. Marizé insiste.)

Marizé- Alguma familiaridade eu tenho com isto mas, não entendo.

(Jacinto permanece de costas apoiando- se na janela. Morreria pra escapar dali. Chora os rios que represou ao longo de anos e quando se volta para ela, arrisca tudo.)

Jacinto- Não sou de ti apenas. Ouviste? Conheço o amor também por outro nome.

(Se olham como se fosse a primeira vez.)

Marizé- É menos triste?

Jacinto- De outro lugar. É doce, é simples...

Marizé- Perfumado e luminoso o teu amor de lá.

Jacinto- É sim.

Marizé- Quem?

(Ele respira fundo.)

Jacinto- Antonino.

(Indecifrável o semblante de Marizé.)

SEGUNDO ATO

(Marizé sob um sol que agora brilha mais que em "além de aqui", dentro de um vestido largo, longo e florido, os cabelos dourados derramados até a cintura, sombreando os olhos com a mão, avista-os. Corre para encontrá-los. Vêm os três entre carinhos e brincadeiras e palavras que assim de longe não escuto, mas posso adivinhar. E não que precisem do perdão do mundo, mas por uma gentileza própria dos que cumprem o mais honestamente a sua natureza, é Antonino quem explica.)

Antonino- Tem quem venha só. Ah, como tem! Tem quem venha aos pares ou, como nós, aos três. O mundo é cheio de gente, minha gente. E de todo jeito há. É bonito.

Senza fine.

CERONHA PONTES
Recife-PE, o8 de novembro de 2010.

extra nonsense:

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O JARDIM



Margarida que amava Marcela que amava Tulipa que amava Azaléia que amava Jasmim que amava Papoula que amava Magnólia que amava Margarida que morreu de over dose.
(me inspira a Quadrilha do Drummond)




Real tristeza futura adivinhada hora bem de partir a outra e ela que sofria, sofria, sofria...
Nunca mais! bradava trágica girando espaço pequeno escuro de fumaça NUNCA MAIS!
Agora "minha" flor café bolo fubá e fruta fresca de sobrar felicidade até um dia antes dos cacos no pé branquinho quebrado sangue amou tudinho quase e quase morrerei do arrepio não te ter como te falta aquela amou talvez pouquinho e pago tudo com o que não tem fim, ouviu? pago de cortar pro resto de viver sem fim tormento te perder ferir.Ferir.
Entra branquinho aspira desce golinho transparente amor fodido se não vens virá o fundo lá não ser será felicidade um oceano basta de cegar o branco a luz a luz a luz a luz a luz afoga vou...

CERONHA PONTES
Recife, 04 de novembro de 2010

extra torpor:

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sem...


Talvez teu pai. Mas, é morto. Agora, e tua mãe, porque diabos tampouco se importa contigo? Que é de teu filho com aquele? Como é que de menino se escolhe não ter mãe?
Quando me amas, me iludo de que aquilo que sentes é tão vigoroso quanto o que me move. Mas, é acordar pra morrer de vergonha. O que há de mais constrangedor que despertar ao teu lado? Nu, sobretudo. Tu és tão de ti mesma, mulher!
É quase obrigação de quem te ama, te deixar. De outro modo, como escapar da insignificância que corrói lenta? E mata.
Um movimento teu...

(Longo silêncio)

Se desperdiço esta lufada de dignidade nunca mais respiro. Eu vou.

(E também ele a deixou. Não que ela não tenha tentado a palavra não dita mas, tinha como verdade irrevogável o respeito à liberdade. Não ousaria impedir que decidisse por si mesmo quem quer que fosse o outro.)


CERONHA PONTES
Recife, 02 de novembro de 2010


extra de luxo:

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sinta o peso










“O poeta é o contemporâneo da sua vida toda. Dos acontecimentos de que ele não tem a lembrança, tem o pressentimento”.
Paul Claudel





Feitas de gesso aquelas Brancas de Neve em série, com todos os Dungas e Zangados, a Mãe embalava em caixas de papelão e mandava enfeitar quarto de criança nas cidades vizinhas. Era boa também nos trabalhos em pelúcia. Uma bicharada linda de fazer sombra em boneca da Estrela.

E os bolos confeitados de encher mais a alma que a barriga? Coisa de conto de fada! Castelos de açúcar com janelinhas de abrir e fechar, por onde vazava luz pra gente se admirar. O Pai que fazia a instalação. Sem contar que era gostoso. Recheio de goiabada misturada com um pouco de vinho tinto. Teve uma noiva de outro município que afirmou aos seus convidados que o bolo de casamento tinha vindo de São Paulo. A mãe ficou triste. Não lhe pagar devidamente já não era concessão o bastante? Precisava lhe negar o crédito? E porque em Tamboril não se podiam produzir encantos assim?

Também pintava. O Pai pedia um quadro com a paisagem mais bonita da cidade. A Serra das Matas e o Rio Acaraú vistos de cima da ponte da Vila Olga. Depois que a Mãe registrou, veio a enchente que mudou o cenário pra sempre.

Os esqueletos de arame impressionavam mais. A Mãe os envolvia cuidadosamente com pedaços de gaze ou estopa embebidos em gesso. Modelava, modelava... Depois de seco, raspa daqui, corta acolá, o chiado da lixa, o pó se espalhando pelo chão vermelho da casa (sujeito a pegadas de menina pequena), até que surgiam perfeitos os braços, as mãos expressivas de dedos delicados dos santos encomendados.

Qualquer coisa virava ferramenta pelas mãos da Mãe. Cavoucava o bloco de gesso até saírem vivos os rostos com olhos que, juro, brilhavam. E bocas de ameaçar segredos.

O trabalho que entortou os dedos da Mãe era pesado, mas delicado, demorado e de natureza tal que a “criatura” se tornava mais um da família. Quando pronto, aperto no coração. O “dono” vinha buscar. Quase sempre a Mãe (figura tão delicada!) explicava que não era santo de fôrma, feito os dessas lojas de artigos religiosos baratinhos. Era santo esculpido. “Aqui deu trabalho, moço. Sinta o peso. Isto não é santo oco”. Negocia daqui, negocia dali e o “dono” levava por uns trocados de ajudar o Pai.

Houve um 13 de Maio em que a Mãe fez pra Escola a pintura de um negro no tronco. O material era bem simples: cartolina e tinta guache. “Mãe, isso tá um borrão”. A Mãe ria: “é esboço que se diz, minha filha”. Desconfiada: “é só uma mancha marrom”. A Mãe ensinava: “paciência”.

A figura do homem torturado, banhado de suor e sangue só apareceria depois de muitas e cuidadosas pinceladas, praticadas com sensibilidade, amor e... PACIÊNCIA. Menina dos olhos cheios d’água com a dor do preto retratado. A dor que a Mãe entendeu, imprimiu. Era terrível. E magnífico.

Mais tarde posaria ela mesma. Nem foi sacrifício. Gostava já de ficar quieta, à espreita, alerta, pronta pra ver. Está lá na casa de Tamboril a Nossa Senhora da Conceição (acreditem!) esculpida com os traços da menina. A Mãe cuida.

Para sempre guiando meu labor artístico estas primeiras “lições”.

Ceronha Pontes
Recife-PE, 26/10/2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Da Onça



Pelejava a Dilurde pra mandar um "que te fodas" no Criatura. Mas, vai a boca dizer?

-Ave Maria três vêiz!

-Pois quem te fode é tu merma, mulherzinha. Ora se isso lá é nada! Mulher, bora pro Muído. Duvido um cabra dançador num arrancar Zezim do teus côro. Ande, fia! Um diabo dessa extruindo as canela ruliça e esses zói da cor do céu. Ah, se Deus desse buniteza a marmota! Pois eu assim da bunda seca, Zezim né hômi pra mim, avalie pra tu que é tanta anca, mulher, nã.

Dilurde nem se bulia do seu estado de banzo.

-Ora me deixe, Nãoseiquenzinha!

Pra encurtar, última notícia que me mandou a Zuleica, tavam em três os minino de Zezim mais Nãoseiquenzinha. E a Dilurde? Mortinha.


CERONHA PONTES
desta vez em Caruaru-PE
24/10/2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Linhas tortas


Onde a ventania e o precipício. Quando a tempestade. Lâmina, perfume, canções. Fumaça, brancume, visões. Era ela. Morrendo-se.
Já há vidas o espera.
Ele que vem pelos caminhos "certos". Alcance. Ela reza.

CERONHA PONTES
20 de outubro de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Amor engarrafado, palavras ao mar...
(mensagens desencontradas, bobagens à deriva...)


F-
A primeira serenata, aquele
Campo Branco. Como foi que o Shakespeare da Bahia adivinhou que "todo bem que nós tinha era a chuva, era o amor"?*

D- Essas lembranças de ti, e que não puderam me arrancar! Te tenho. E me guardas. Confio.

F- Sonhei que eu ia morrer. Sou de sonhar estranho. Devo te consolar.

D- Há uma eternidade nenhuma baforada que me mate um pouco.

F- A canção amerelinha do menino da esquina... Se eu morrer não chore não, é só a lua... Não sei que lá, sol, girassol... E tem um lance tipo você ainda quer morar comigo. Ah, se eu soubesse! Ou será tarde demais? Lá,lá,lá... Ou será tarde demais?**

D- Amém! Um santo, um cavalo e um dragão. Pra uma lua que só eu sei.

F- Perfume. Qualquer coisa flor de laranjeira do gosto ruim pra cacete!

D- Eu não vou contigo, mas preciso que venhas me buscar. Que tu não desistas de mim é o que eu respiro.Cada vez que bates à minha porta eu sou eterno. Mesmo quando finjo que não estou, sou de mais ninguém quando tu vens.

F- Só mais uma noite inteira contigo metade vestido, metade bunda de fora, sentado com um dos pés sobre o sofá, um cigarro na mão e o pinto na outra. Assim, fumando e amassando com desdém o pinto, responsabilizando-o por todas as guerras deflagradas. "A culpa é desse negocinho aqui".

D- Ai de nós que estávamos lá, no descobrimento da foda!

F- O pensamento grita teu nome de um jeito que por pouco não nos trai a minha boca.

D- Como conviveriam a minha grosseria com a tua delicadeza, não sei. Mas, sonho é. Minha mulher!

F- Lá no tempo da incontinência urinária, discutir a qualidade do fraldão? Tempo, tempo, tempo...

D- Escolha: filha, puta, santa, minha trástica...

F- Te invadir por onde se possa meter, socar, enfiar, esfolar...

D- ...

F- Nada te apavore. O mal que faço é a mim. E já nem é tanto assim.

F- Até a exaustão desatar o choro, desfazer o engasgo, o entalo, o enfado dessa merda toda.

D- Eu não...

D- Tu não virias pra ficar.

F- Aqui. No fundo. O gosto. Ruim.

D- Não me espere num cavalo branco.

F- ...

D- E não me deixes.

F- Reconhecerás.

D- Virias?

F- Vaidade.

D- O amor é estranho. O mundo não pode viver sem ele, mas, ainda assim, o repele.***

F- Meu Rinoceronte.

D- Talvez a infinita distância seja o adubo. Ou o estrume? A covardia rega.

D- Cantar é dever. E os deveres ainda faço.

F- La lune brille pour toi.

D- Será que alguma vez eu me emocionei?

D- Minha Ursa.

D- Aqui. O fundo.

F- O gosto ruim.

D- Talvez eu chore.

F- É só a lua.**

D- Teus peitos, quando ficarem enormes, marrons...

F- É só poesia.**

D- Se eu chorar...

F- La lune...

D- Tatarena vai rodá, vai botá fulô (?).*

F- Tu sem chuva e a tristeza em mim.*
...
...
...

F- Isto e mais um tanto disto outro. Com Perfume. Eu sonhei.

D- Meu Deus!

F- Assim como era no princípio. Branquinho, branquinho...

D- Minh'alma vai florescer.*
...
...
...

(Senza fine)


"Sábios em vão tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentira, retratos
Vestígios de estranha civilização"
(Futuros amantes - Chico Buarque)


F- Ela
D- Ele
* Campo Branco, Elomar
** Um girassol da cor de seu cabelo, Márcio Borges e Lô Borges
***Conto Medieval Indiano
Negrito-Domínio dela. Só dela.



Ceronha Bisonha
13 de outubro de 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

(Meu artigo publicado hoje no Jornal O POVO, Fortaleza-Ceará. Memórias do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga.)


RECORTES PERFUMADOS

Dormitórios improvisados nas salas de aula de uma escola. Naquele tempo o colchonete era item obrigatório na bagagem da cada participante. Quem reclamaria o mínimo conforto? Sequer a água gelada dos banheiros coletivos continha a euforia dos desbravadores. Companhias vindas de diversas partes do Nordeste, aventurando-se no que resultaria o encontro de tão grande importância. Era 1993 quando a pequena e encantadora “Guará” iniciava louvável trajetória rumo ao cenário do teatro nacional.

Artistas deslizavam sobre o palco azulejado do teatrinho Raquel de Queiroz, arriscando-se, literalmente, a caírem nos braços da platéia. Minhas pernas ainda recordam a tensão sobre os saltos de Madame Cri-Cri, personagem rodrigueana que defendi no primeiro festival. Inadequações que nunca ameaçaram a vocação do espaço. Havia sincera vontade e fé num futuro que se construiu vitorioso. Vimos emocionados o Raquelzinha ganhar status de cobiçado equipamento e receber o reforço de um Raquelzão para abrigar o púbico crescente.

Até que se concluísse o teatro grande, foi sob lona circense que grandes espetáculos se apresentaram. Com Vau da Sarapalha, por exemplo, do respeitado Piolim, ali chorei de lavar arquibancadas. Sem contar a emoção de estar eu mesma no picadeiro, fosse em espetáculo ou como cerimonialista ao lado de Danilo Pinho quando, dirigidos pelo saudoso Artur Guedes em cenas de clássicos da dramaturgia, surpreendíamos o público quebrando as formalidades da função. Verdade seja dita, função que sempre coube melhor aos verdadeiros anfitriões. Tão bonito ver os próprios jovens da cidade anunciando as atrações!

Impressiona a qualquer visitante aquela cidadezinha oferecer numa mesma rua dois teatros que recebem o melhor da produção nordestina, dialogando com o resto do Brasil e do mundo, formando platéias cada vez mais exigentes. A começar pelos próprios moradores. Ah, porque o povo dali tem a sua história marcada pela encenação de grandes dramas nos anos de antigamente. A cidade teve sempre seus artistas, de modo que não ia engolir atravessado o que não lhes valesse alegria. Como eu gosto disso!

Certa vez flagrei conversa entre uma moradora da cidade e uma atriz. A senhora questionava a qualidade de uma peça recém apresentada. Como se estivesse em cena, bradou minha colega: “Teatro não é pra entender, minha senhora. Teatro é pra sentir. Sentiu? Se a senhora sentiu, então é teatro!” Depois se retirou trágica, enquanto a sábia senhora me sai com mais esta: “Se eu não entender e nem sentir nada, é o quê?”.

De fato um lugar para pensar teatro.

O Festival oferece debates acerca da produção exibida, cursos, encontro de pesquisadores e outros mecanismos de formação. Oh, não creiam que se limite a pretensões intelectualóides! Ali, grupos estabelecem laços, cruzam experiências, investigam, reinventam incansavelmente. Enquanto o Festival, driblando inevitáveis dificuldades, segue divertindo e evoluindo por todo o Maciço.

São memórias para um livro inteiro. Num artigo breve, caiba necessariamente minha gratidão por tudo que aprendi ali, pela carinhosa acolhida às minhas criações. E que não se constitui de elogios infrutíferos, mas esclarecimentos fundamentais para nosso desenvolvimento.

Cearense, hoje radicada no Recife, depois de breve pouso em Foz do Iguaçu-PR, percebo o quanto o Festival foi orgulhosamente apropriado por artistas de todo o Nordeste, despertando interesse e respeito Brasil afora. Guaramiranga me permitiu estar agora inserida e produtiva no cenário pernambucano. Foi em Guará, por ocasião da exibição de “minha” Camille Claudel, que me aproximei irreversivelmente da cena do Recife, através de artistas pelos quais seria acolhida no Coletivo Angu de Teatro, que por sua vez viu sua produção ganhar o mundo a partir do Festival, quando apresentou o inesquecível Angu de Sangue. Este ano, com renovada alegria, nós do Coletivo voltamos com Rasif - mar que arrebenta, da obra de Marcelino Freire.

Natural que espetáculos e artistas marquem a memória do público. À platéia, a magia. Porém, a “mágica” se deve muito a todo um bando de gente que concebeu o Festival e luta continuamente para nos reunir naquele recanto privilegiado do Maciço de Baturité. É preciso lembrar ao público esta gente ousada que atua nos bastidores. Que defendeu e afirmou a Cultura como meio eficaz de desenvolvimento econômico daquela região. Oh, não me tomem por muito conhecedora das ações políticas necessárias à manutenção do Festival. Não sei, apenas intuo o “balé” de uma produção que joga combinando as melhores cartas, acomodando idéias e interesses de modo a termos em Guaramiranga, espaço tão favorável à evolução e difusão de nossa arte. E penso que em vez de injustiçados, sentem-se todos os envolvidos representados por Nilde Ferreira, a quem eu não poderia deixar de citar.

Salve Guará!

Para ver no jornal: http://opovo.uol.com.br/app/opovo/vida-e-arte/2010/09/04/internaimpressavidaearte,2038199/recortes-perfumados.shtml

CERONHA PONTES

Recife-PE, 05 de Setembro de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

OS CUTES





O que a vista turva do Vovô alcançava da cidade, com o Monte Feiticeiro ao fundo.






Aos meus primos, com amor.

PARTE I

Surdo Feiticeiro

Bem ao fundo, na parte coberta do alpendre, Vovô em sua cadeira de balanço, daquelas enroladas em macarrão de plástico azul-fubá. Horas ali. Provavelmente agradecendo aos céus a imponente paisagem que lhe invade a morada.
Enquanto pipocam bisnetos pelo casarão. Parecem brotar das dezenas de janelas, multiplicando-se nos quilômetros da meia-parede que circunda toda a área de serviço, dependurados na goiabeira e pé de siriguela do meio-mundo de quintal. Se duvidar tem menino se equilibrando até na vara de pendurar carne seca.
De repente um deles atentou para a figura do Biso e, comovido com o próprio destino anunciado no rosto do velho pai do pai do seu jovem pai, perguntou:

- Vô, o senhor é feliz?

- Hein?

-Vôôô, o senhor é feliiiz?

- Heeein?

Aliviado, o moleque riu de dobrar o pescoço suado revelando o ceroto das dobrinhas e saiu correndo juntar-se aos outros.

Um de frente pro outro, em respeitoso silêncio, garbosos, eternos...Vovô e o Monte Feiticeiro.


PARTE II

Na Lata

Vovó em seu trono instalado na parte mais disputada do casarão: a cozinha. Ali recebe a cidade e se atualiza dos acontecimentos todos. Está sempre bem dizer on-line com o mercado, repartições, escolas... Sabe tudo e tem opiniões tão sensatas quanto divertidas acerca do cotidiano de nossa gente. Tia Zélia regalando as visitas com receitas impraticáveis por mortais comuns, torna ainda mais cobiçados os encontros com Dona Totonha. De medicina natural a ciências políticas a Vó destrincha. Do alto de seus noventa e tantos, é rainha absoluta no comando de nossas vidas.
Pariu quase duas dezenas e seu maior orgulho é que "nenhum deu pra ruim". Entre netos, bisnetos e tataranetos perdi as contas quando chegávamos aos sessenta.
Outro dia, dividida entre o crochê impecável e o noticiário do rádio, dava-se ao apreciar de um bisneto abismado com suas habilidades. Quando recuperou o sustento do queixo o garoto perguntou interessado:

-Vovó, será que eu vou ficar "veim" assim que nem a senhora?

Sem desviar a vista do laboro ela responde na lata:

- Se você tiver muita sorte.


CERONHA PONTES
Recife-PE, 16 de agosto de 2010.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Aspetti, signorina...


Bem me lembro...

A paixão ainda lhe turvava os sentidos quando ele chegou, e isto explica que não o tenha reconhecido imediatamente. Embora vocacionada para o além-óbvio, dotada de canais especialíssimos onde domina o sutil, estava de tal modo obstruída que só alcançava as sensações mais grosseiras. O que a ela atormentava prometia cegueira de atravessar encarnações. Ele a esperaria.
Um dia, afinal, por tanto e sincero esforço de ser inteira, mereceu enxergá-lo. Ele, puro contentamento, revelou-se através de um Giacomo que a encantava. E ela ria, ria, ria...

"Aspetti, signorina,
le dirò con dui parole
chi son, e che faccio,
come vivo. Vuole?
Chi son?
Sono un poeta.
Che cosa faccio? Scrivo.
E come vivo? Vivo."

Aceitaram a eternidade.

CERONHA PONTES
Recife-PE, 12 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

UM PAI



"Quando colherem os frutos, digam o gosto pra mim."
(Aos Nossos Filhos, Ivan Lins)

Não é o tipo a quem a superfície contenta. Precisou ir longe, muito longe, encontrar o que pudesse deixar como legado à cria. Das suas profundezas voltou com palavras e modos de ser amor em medida tão precisa que parece pouca. E por não ter nada além de um caminho ameno a oferecer, não vale vintém. A quem se destina a sua luta por tornar-se um homem bom, é de tal modo seduzida pelos rococós do desespero, que lhe recusa o sentimento pleno, livre de ornamentos. Amor, apenas.

Segue em paz o Pai.


CERONHA PONTES
Recife-PE, 11 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

AMARGUINHA


Separação.

Aos quatro anos tinha já a Nanica de escolher entre o bicho que pega e o outro que come. Atormenta-lhe a mãe numa última lembrança em que aparece com o irmãozinho, sentados num banco sujo de rodoviária, chorando resignadamente.

Enquanto a menina seguiu com o pai pra um lugar onde estar viva lhe custa as perninhas trêmulas, o coraçãozinho batendo mais que as suas forças e soluços esmagados na garganta de inchaço vermelhão sem cura. Ô carinha de medo pra não desmanchar é nunca! Até que se desespera, a pobre, entregando seus pontinhos à velha, espelho seu.

- Eu não rezo mais, Vovó.
- Deixa de besteira e anda com esse Pai Nosso!
-Tudo coisa ruim esses santos tudo. Essa Mariazinha, o Jesus e esse outro aí encostado no pau.
- Bate na boca cunhã! Tenha respeito com a Virgem, o Filho e o Santo Anastácio.

A merreca de gente se enfia debaixo do lençol encardido, praguejando baixinho.

- Ô, minha filha, chore não. Tenha fé. Ande, venha pedir pro anjinho da guarda.
- Todo dia eu peço, vovó, mas ele nunca leva.
- Não leva o quê?
- O Papai.

Compara-lhe a Bisa com uma banana enfurnada no carbureto, amadurecida à força, na marra. De fato.

- Eu nunca vou ser feliz.
-Isso é lá coisa que diga menina pequena?

Pois diz. É mesmo desse tanto que dói a Nanica. Amargando eternamente o medo e a falta de quem não tinha o direito de botar gente no mundo.


CERONHA PONTES
Recife-Pe, 09 de agosto de 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Dodói de Paúra


Medos demais para um corpo mirrado de idade pouca. Já um bocado de cicatriz desenha a sua vidinha recém começada.

Dizendo a Bisa, desde a primeira vez que a bichinha arregalou os zóio deu-se logo conta do que lhe faltava. Não é braço nem perna, não senhor, que tem o par de cada e é toda bem feitinha. Faltou foi ver na cara da Mãe que ali era abrigo seguro. Neném mal se bulia temendo escorregar daqueles braços frouxos. Espalhou-se a visão quando o vigor de outra mão livrou-lhe toda a cabecinha da manta de lã que a encobria. Ao ver o Pai, pobrezinha, mijou amarelo-gelado e sorriu.

-Essa não demora a falar. Benza Deus, Ave Maria! Assim pichititinha já é escrita o povo do vô dela, tudo metido a inteligente. Melhor nem conversar de certas coisas. A danada pesca no ar.

Ah, o jeito resmungão engraçado da Bisa preservar inocente sangue seu! Fora que eu sempre achei bonito isso de "pescar no ar" pra dizer da intuição apurada. Entrelinhas por onde caminharia a pequena de coração na boca e pernas bambinhas. Com a sua varinha invisível foi mesmo fisgando no vento a silabinha, palavrinha, frasezinha... Lamentos inteiros de estarrecer Bisavó.

Segredos noturnos:

-Vó, eu tenho um dodói bem grande, bem feio que dói muito, muito, muito. Fica na parte da gente que gente não vê.

Alminha lacerada a golpes de PapaiMamãe.

ELA, movida a riscos, viciada em perigo, desafia no verbo e conduta até desmaiar de porrada. Aí é festa. Grita o vizinho, late o cachorro, soa a sirene... Festa! Festa!

ELE...

Desabou da mão a pena. Faltou sangue frio no tinteiro. O que quer que escrevesse findaria com um amargo e desesperançado IM-PU-NE.

Outra noite:

-Vó, vamo fugir pra uma casinha escondida? Só nós duas.

A proposta fez da velha o puro instinto, e quando os gemidos da porta anunciaram o perigo paterno, ela se levantou como quem fosse matar ou morrer. A pequena voou com as mãozinhas, atracou-a pelos remendos da camisola e ordenou baixinho:

- Fica quieta, vovó, fica quieta! Não diz nada que é pior. Não diz nada e faz assim.

"Assim" é o riso amarelo-mijo, apavorado de nascença.

Noite após noite a criança e a velha abraçadas, desvalidas, inundando o colchão com as lágrimas densas de um choro que de tão silencioso, eu escuto.


CERONHA PONTES
Recife-Pe, 02 de agosto de 2010



sexta-feira, 16 de julho de 2010







Iara Campos e Marcelo Oliveira ensaiando


O AMOR DE CLOTILDE POR UM CERTO LEANDRO DANTAS


Espetáculo da Trupe Ensaia Aqui e Acolá, estréia amanhã às 19h no Teatro Capiba, SESC Casa Amarela, Recife-Pe.
Livremente inspirada no Romance A Emparedada da Rua Nova, do escritor pernambucano Carneiro Vilela, a peça é a segunda de uma trilogia em que a Trupe pretende (motivada pela obra de outro pernambucano de valor, o teatrólogo Marco Camarotti) experimentar formas marginalizadas de teatro. Primeiro montaram Rififi No Picadeiro (teatro para a infância). Agora com"O Amor de Clotilde..." experimentam a linguagem do melodrama. Para tanto, pesquisaram a fundo e com auxílio luxuoso de ninguém menos que a artista circense Índia Morena, os dramas apresentados sob as lonas dos circos de antigamente, aqueles também conhecidos por "tomara que não chova".
Depois de um ano de estudo, o próprio elenco cuidou da dramaturgia que resultou impressionante. De encantar qualquer alguém que tenha tido o privilégio de ver em cena, por exemplo, A Louca do Jardim (um clássico pernambucano do gênero).
A Trupe tem essa pinta mambembe, carregando arriba e abaixo o seu picadeiro com cara de "tudo usado". Tem talento, alegria e compromisso a valer. É diversão garantida. Coisa de quem faz bem feito. Quem zela pelo ofício, quem ensaia até atingir o requinte, mas sem jamais perder aquele ar de quem não tem reputação a zelar. Saltimbancos, felinos... Que nem, que nem...

"Nós gatos já nascemos pobres
porém já nascemos livres, lá,lá,lá..."

Estive com eles durante a montagem, colaborando modestamente com os atores em sua construção de personagem. Num outro post, com mais tempo, quero compartilhar tim-tim por tim-tim os babados e delícias deste trabalho. Por hoje deixo dito que tem sido prazer enorme conviver com o bom astral, a inteligência e a coragem de Iara Campos, Marcelo Oliveira, Andréa Veruska, Tatto Medinni, Andréa Rosa, o encenador(também ator do espetáculo) Jorge de Paula e outros integrantes do grupo( Fred e Ju).
O passo a passo do trabalho de Jorge guardo no mesmo lugar em que ficam os ensinamentos apreendidos no Colégio de Direção Teatral, lá no meu Ceará. Coisas que ficam impregnadas e a gente esperando a oportunidade de experimentar. Delícia! Que venha o teatro folclórico coroar a trilogia.
Conversaremos mais a respeito quando eu processar "o bem-querer, o turbilhão". A gora "simbora" com Chico e Edu:

"Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer adeus."

Um super beijo.

CERONHA PONTES
Recife-Pe, 16 de julho de 2010