sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Essa febre que não passa...



Se você for do tipo que tem aversão a relações homoafetivas (é, esse lance entre sapatão, bicha e variações), NÃO VÁ. Sugiro procurar outra coisa pra fazer. Que tal catar coquinho? Podendo ainda pentear macaco ou coisa que o valha. OU VÁ. E quem sabe se liberte de suas idéias tortas e nos ajude a "reconstituir coisas idas"?


Quem sofreu bullying na escola, e ainda hoje tem arrepios só de imaginar alguém lhe chamando em voz alta, para quem quiser ouvir, seja em aeroporto ou consultório médico, NÃO VÁ. OU VÁ, e resolva de uma vez por todas se divertir com o fato de se chamar Aganeide (de Agamenon com Ivaneide), Hypotenusa, Holofontina, Jéssica Paola, Cláudya Gabrielly... Acreditem, tem gente que se chama Ceronha e se acha. Ô nome lindo!


Se a velhice lhe apavora, NÃO VÁ. Quanto a mim, aprecio as ondas. Meus pés estão molhados e isto é que é contentamento. Ah, VAMOS ver o mar! Antes que seja tarde.


Quem nasceu na família errada, no lugar errado, toda inadequada, incompreendida, mal amada, cheia de "desejos sem pernas", açoitada por idéias, em quem "o por do sol dói mais que chibatada de mãe" e nunca um lance realidade arrebatou mais que um retrato de Frida Kahlo, MELHOR NÃO IR. Isto pode lhe doer tanto! A menos que já tenha perdido todas as esperanças. Neste caso, DANCEMOS.


Hermila Guedes
Foto: Rafael Escócio

Quem esteja no limite do precipício, lamentamos, mas ESTA PEÇA NÃO LHE É RECOMENDÁVEL. Não permitiremos a sua entrada. Favor não insistir. A não ser que nem as nossas súplicas lhe impeçam fazer do seu jeito. Neste caso, LHE AGUARDA um Sinatra na vitrola antiga, "programada para tocar a faixa doze sem parar".


ESSA FEBRE QUE NÃO PASSA
Em Fortaleza, no Theatro José de Alencar, dias 05 e 06 de novembro.


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 28 de outubro de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Febre misteriosa deixa Fortaleza em estado de alerta!



Tive que cancelar coisas mui importantes depois de anunciá-las, de modo que estou é com medo de fazer propaganda mas, vamos lá, que a Febre continua subindo. Agora em Fortaleza, minha gente, nos dias 05 e 06 de novembro no Theatro José de Alencar. 
Sábado(05) às 19 e 21h. Domingo(06) às 19h.


ESSA FEBRE QUE NÃO PASSA
Da obra de Luce Pereira
Direção: André Brasileiro e Marcondes Lima
Com Ceronha Pontes, Hermila Guedes, Hilda Torres, Josi Guimarães, Mayra Waquim, Márcia Cruz e Nínive Caldas
Produção: Tadeu Gondim
Uma realização do Coletivo Angu de Teatro (Recife-Pe)


Ceronha Pontes e Hermila Guedes
Foto: Rafael Escócio


Sobre a peça? Bem, é claro que um maine coon não vai trazer a sua amada de volta. Tampouco um yorkshire lhe dará status. E Sartre estava certo quanto ao inferno. Ah, o outro! Amor nem sempre vem acompanhado de beijos e, às vezes, MATA. Duvida?
Venha ver.

Ceronha Pontes
Recife-Pe. 26 de outubro de 2011


P.S.: Pelo amor dos deuses, quem estiver planejando cometer mais alguma desgraça que impeça este acontecimento, espere ao menos eu terminar meu serviço. Né brincadeira não, negrada. Cada apresentação cancelada é din-din que me falta. Vou começar a repartir minhas contas, viu? KKK!!! Só rindo.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"Nafinquisriu"



Ele lamenta que não esteja ao seu alcance livrá-la dos males da vida. Mas ela sabe o quanto, por causa dele, escapou de se partir.
Ontem mesmo já entregava os pontos quando ele cantou Strawberry fields forever. De repente o trânsito e calor infernais já não somavam à sua agonia, e também ela cantou, pecando propositadamente no inglês. Sente-se a criatura mais amada podendo expor o seu ridículo às risadas dele.
Os carros dançavam.


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 25 de outubro de 2011



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Pai, a Mãe, os irmãos.



Quanta diferença comporta o mesmo sangue, meu Deus! O mesmo nome. O mesmo Pai. 
Quero escrever que foi de repente, mas ela intervém com sua lucidez e franqueza constrangedoras, afirmando que era tragédia anunciada. Concordo. Não foi de repente mas, de uma vez, as vilezas todas à sua percepção. Não por gosto. Lhe enfiaram feito fosse milho em goela de peru engordado na marra pro Natal que não tarda. E de fato sempre odiou esta e outras datas que obriguem à farsa coletiva. Farsa, escrevo, e me pergunto se não é preconceito seu. Ah, que ainda me mata esta necessidade do politicamente correto! 
Ei, mas porque diabos a festa de Natal entrou na conversa? Seja lá,  também não temos porque recusá-la em território de tão livre e arriscada expressão.
Na casa nunca uma árvore enfeitada, nem visita de Papai Noel (não acreditam), nem ceia. Alguma prece. Em geral ela chora nesse dia e  já desistiu faz tempo de tentar entender. Passa o ano planejando a fuga (porque afinal agregou-se a outras famílias). Nos últimos não conseguiu escapar e foi tudo absolutamente chato.
Vamos admitir que o tema se impôs porque lá muito no fundo lhe perturbará eterna dúvida: e se a sua tivesse sido uma família comum? Muito longe dela sugerir que "incomum" seja especial, acima ou abaixo de qualquer estabelecida média. É que não praticaram Natais, aniversários, bodas, feijoadas de domingo. Encontro algum que lhes pusesse frente a frente, reconhecendo sina comum. Caso estejam pensando que o dia-a-dia devia lhes bastar, devo esclarecer que também não tiveram dia-a-dia, posto que nasceram distantes uns dos outros nos anos e, por necessidade, saíam de casa muito cedo, cada um pra um lado, estudar na capital. Assim, quando vinha um, o outro já se escafedera. Absolutamente estranhos. Ela, particularmente, tem verdadeiro horror da impressão que os outros construíram a respeito seu e de suas escolhas, pois se enganam até quando olham com boa vontade.
Ali, o pai atraía todos os olhares, só raramente desviados para as artes da Mãe. E ele não fazia por mal. Quem pode com a natureza? Tem gente que simplesmente "chupa luz". Adora essa expressão, bem comum no ambiente em que trabalha. Pois bem, na casa, o Pai reluzia mais que tudo, relegando involuntariamente os outros à invisibilidade. E o fato é que, quando foram obrigados a se olhar, o espetáculo era (é) lamentável. 
Ela peleja buscando no Velho referência primeira na investigação daquilo que os impede (apesar das diferenças assombrosas) a quebra definitiva dos vínculos. Por quê na veia de um o sangue corre assim e na de outro corre podre? Por Santo Anastácio, sirva o famigerado sangue para explicar ou aliviar! Há coisas envolvidas que escapam aos julgamentos oficiais, sentenças, etc. São coisas suas, só suas, por menos que queiram assumi-las. E o melhor jeito de conduzi-las terão de descobrir entre si. Ninguém de fora os SALVARÁ (mal posso acreditar que ela me permitiu este verbo). Ainda sobre o sangue, sobre o bem e o mal, eu não sei explicar a relação do veneno com a vacina (ou antídoto?), mas acho a metáfora libertadora, sei que me entendem. E ela há de concordar, nem que seja por preferir cobras e escorpiões a perus de Natal. 
Os campos já estiveram carregados de cores e aromas. Se tudo murchou, não importa, a vida se renova. É sempre tempo de semeadura. 
Puxa vida, escrevo isto com a melhor das intenções e ela... 
Gosta de liberdade mas é toda trabalhada na censura. Tem aversão a mensagens assim, positivas. MESMO QUANDO PRECISA TANTO ACREDITAR.
Quer saber? FÔDA-SE! Não é você que adora um palavrão? Pois pegue estas mal traçadas linhas e meta... Meta lá... meta lá no seu... Furico, eu digo, com um esforço que lhe faz perder o fôlego. Gosto  que ria assim. Rio com ela.


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 20 de outubro de 2011


P.S.: De fato ela não crê (nem eu e nem você, admita) que estejam protegidas do mal as famílias comuns. Com todo respeito pelas suas festas natalinas. Desde que não a convidem, é claro. E isto é uma súplica.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

pimenta no alheio



Há muito não me dói o cotovelo. Muito mesmo. Aquilo é que era ser feliz! Perdoem-me os que por ventura(?) estejam em plena consumição desta natureza. Não tomem como deboche. Acho-lhes bonita a disposição e tenho inveja da poesia que sua agonia inspira. Justamente procurando uma dor que eu preferisse a esta que ora sinto, pareceu-me, amor não correspondido, a visão do paraíso.


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 17 de outubro de 2011

P.S.: Vai dizer que isto não é bonito pra cacete?

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

DESVANECIDA



Desde que me lembro Marie já era uma viciada em bloquinhos de papel. Eu mesma lhe presenteei com alguns de capa dura, os seus preferidos. Carece ver-se de longe e nada mais ilustrativo, nesse sentido, que sua própria e apressada letra arrastando-a para fora das linhas.
Hoje cometi a indiscrição de invadir um desses seus "refúgios". Muitas páginas arrancadas, possivelmente rasgadas, protegidas da curiosidade de "estranhos". Não deixa de ser triste, pois é como a própria Marie se desintegrando. Nas que sobraram (de propósito, creio), sugestões de como adoçar a vida. Estou mais vermelha que a cereja do bolo, envergonhada por perseguir-lhe o mistério, insistindo ainda em adivinhá-la na receita do Tiramissu. Porque Marie, ah!, Marie combina o improvável. Exatamente como misturar café com ovo cru e cream cheese.


Ceronha Pontes
Recife-Pe, 14 de outubro de 2011


P.S.: E ainda umas raspas de limão.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

LENTIDÃO



Julieta sofre de disciplina cancerígena. É. Tanto rigor favorece o surgimento desses mondrongos malignos.
E se ela se mata vagarosa e assídua sem que ninguém se dê conta? Me ocorreu agorinha a possibilidade do engenho. Ser, estar, cumprir a tempo e espaço justamente adequados e, por tão discreta expressão, inascessível socorro.
Partir-se. Na hora que estabeleça, sem milésimo de segundo de diferença. Exata. 
Hei de devolvê-la à perdição. Distraída do próprio mal, dance como naqueles tempos que eu fico "grog" só de lembrar. 




Ceronha Pontes
Recife-Pe, 12 de outubro de 2011


P.S. Entre as coisas que nos moviam:

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Isto cura?



Oh, amargo Blog, feinho feito os dias estão, eis um pouco de Céu entre os cães.
C.

domingo, 9 de outubro de 2011

Os bárbaros


Frustradas as "comemorações" pela chegada, enfim, ao fundo do poço. Ah, decepção! Eis que, em pleno domingo (quando foi mesmo que até Aquele descansou?), surge mais um bicho escavador, reinstaurando o assombro.
Sugere-se diplomacia no trato com o animal, o que seria menos difícil, não fosse a galera da pirotecnia, que não se satisfaz com o minimalismo adotado pelos "donos da trama".
De um lado, a ignorância empata uma melhor solução para o conflito. Do outro, uma gente em quem a vida não doeu o bastante, se enxerindo em decidir destinos.
Entre o bicho que pega e o que come, salva-me Drummond, com seus ombros largos, sustentando mundos.

"Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação."

Assim seja.

Ceronha Pontes
De Joâo Pessoa-PB, 09 de outubro de 2011

P.S.: Qualquer hora saio das entrelinhas e haja ventilador pra tanta merda.

sábado, 8 de outubro de 2011

Como reconhecer um príncipe


Ao Eros

Um príncipe é aquele que chega quando tu estás por um triz, a um passo de ser engolida pelo vulcão. Então ele te estende a mão com a serenidade dos justos. Dos justos, eu disse, e não dos profissionais da Justiça. Quando te põe à salvo, te fala verdades com bom humor infalível, ri de teu cabelo metade vermelho, metade sei lá, te livrando um pouco da seriedade habitual com que tu te enxergas. Um príncipe impede que teu ódio cresça e tu te tornes um alvo fácil para o inimigo. Com um príncipe do lado, não é difícil reconhecer naquele que te ameaça, um bicho fraco, destituído dos valores que te fazem forte e, portanto, muito mais digno de tua compaixão que de tua fúria. Um príncipe te "rouba" um instante da dura realidade em que te encontras, te leva ao cinema para ver Capitães da Areia e segura forte a tua mão, sem se importar com o fato de que ali tu choras apaixonada por outro, o Pedro Bala, como quando adolescente, devorando Amado.
Depois de tudo, recobradas as tuas energias, não serás capaz de usar as mesmas armas daqueles que te fazem sofrer, pelo simples e determinante fato de que, para ti, os fins jamais justificarão os meios, e tens a companhia de um príncipe, à procura dos caminhos certos, com a consciência inabalável. Para completar, um príncipe de verdade te faz acreditar tanto em ti mesma, que até poderias seguir sem ele.

Ceronha Pontes
De João Pessoa-PB, 08 de outubro de 2011

P.S.: Tava aqui pensando com meu lamentável preconceito, que não dá pra confiar em meninas que não se apaixonaram pelo Pedro Bala.